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sábado, 14 de agosto de 2010

Os benefícios de ter irmãos

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Os filhos únicos que a perdoem, mas de acordo com Laura Padilla-Walker, professora e pesquisadora da Universidade Brigham Young, de Utah, nos Estados Unidos, sortudos são os que têm e são irmãos. Autora de uma pesquisa recentemente publicada no Jornal de Psicologia Familiar da Associação Psicológica Americana, Padilla-Walker revelou que a proximidade a um irmão ou irmã promove generosidade e gentileza nas atitudes de uma criança – coisa que os pais não poderiam proporcionar com tanta intensidade.

Após manterem contato com 395 famílias com mais de um filho – em que pelo menos um possuía entre 10 e 14 anos –, a equipe de Padilla-Walker coletou diferentes informações relacionadas à dinâmica familiar e foi descoberto que ter irmãos, além de influenciar para a realização de boas ações para com os outros, pode também servir de proteção contra sentimentos como a solidão, culpa e medo. Porém, as meninas possuem uma força maior neste último papel.

- As irmãs parecem ser especialmente poderosas neste aspecto - disse a líder da pesquisa ao site do jornal norte-americano U.S. News.

De acordo com Padilla Walker, é provável que este auxílio feminino aconteça com mais força do que o masculino pelo simples fato de que elas tendem a ser mais comunicativas do que eles.

- Pode ser que elas atuem como fonte de diferentes perspectivas sobre acontecimentos que os adolescentes não conversam com os pais - disse a pesquisadora ao U.S. News.

No entanto, segundo a psicóloga e colunista do iG Delas (e também irmã) Lucia Rosenberg, poucas pessoas na vida poderão te compreender melhor do que um irmão – independentemente do sexo.

Com duas irmãs e um irmão presentes desde o dia em que nasceu, ela acredita que o irmão também pode ser um grande protetor, confidente e consolador. O diferencial entre os sexos, na verdade, está na educação dos pais:

- O homem não costuma ser tão estimulado ao carinho e à conversa quanto as mulheres o são.

No caso do sexo feminino, o instinto maternal já torna estas características antidepressivas um pouco mais presentes, mas não quer dizer que os irmãos também não possam exercer um fator protetor.

- Meu irmão é um grande herói que nunca deixa nenhuma de nós na mão - comenta Lucia.

Meninos de azul, meninas de rosa

Para a psicóloga e psicoterapeuta familiar Ana Gabriela Andriani, mesmo que dois irmãos briguem e atormentem um ao outro, na hora em que um se sente ameaçado, o outro estará presente para ajudá-lo. Por outro lado, as diferenças culturais no modo que os pais – e a sociedade – lidam com isso estão mesmo presentes:

- É muito mais esperado que o menino seja racional e se permita brincadeiras de força. Já das meninas são esperados comportamentos emotivos, de cuidado e carinho.

Com isso, enquanto por um lado os meninos tendem a proteger as irmãs dos “perigos” externos – como um namorado que ela venha a ter, por exemplo –, Andriani explica que as meninas ficam mais a par dos cuidados afetivos e emocionais.

- Mas não dá para dizer que é uma regra, dependerá da educação que os pais derem -alerta.

Em todos os casos, um sempre vai ter muito a ensinar para o outro, mesmo com a diferença de idade, já que ambos viverão experiências distintas.

Esta fraternidade é algo que a psicóloga Lucia sabe, na prática, do que trata.

- Hoje eu e meus irmãos nos procuramos nos momentos difíceis, compartilhamos sucessos, nos encontramos para jantar e não falar nada e nunca julgamos uns aos outros - explica ela, que é a caçula de uma família de quatro irmãos.

Lucia chama a irmã do meio, 11 anos mais velha, de “Principal”, enquanto o irmão é nomeado o “Herói” e a primogênita de “Irmãe”.

Convivência fraternal

Segundo Lucia, cada um de seus irmãos possui características que foram cruciais para o seu crescimento. A mais próxima a ela em idade foi quem lhe ensinou os prazeres das confidências.
 
- Quando eu tinha 13 anos, ela fez com que eu me sentisse muito importante por me pedir que matasse baratas que apareciam quando estávamos juntas; eu confidenciava os meus medos, e ela me apresentava os dela também com o maior prazer - revela Lucia.
 
Durante a adolescência, quando se sentia triste ou tinha algum problema, na maioria das vezes recorria a esta mesma irmã.
 
- Mas conversei muito sobre amor, sexo e casamento com a minha irmã mais velha - confessa.
 
Neste caso, o apelido de “Irmãe” que Lucia deu a ela não foi à toa:
 
- Com 17 anos a mais que eu, ela sempre me proporcionou uma relação de autoridade, mas com um olhar distinto ao que a minha mãe tinha sobre mim.

Porém, quando o assunto era proteção propriamente dita, o irmão – 13 anos mais velho que ela – é quem se prontificava.

- Além de ter me ensinado a andar, ler e escrever, uma semana antes de se casar e sair de casa ele disse ao nosso pai que, se percebesse que ele não estava fazendo de tudo para que eu fosse feliz, me levaria embora - confessa. - A grande lição de casa era sabermos que o que vale a pena é a confiança, a amizade e a importância de ter e ser um irmão - explica ela.

O que Padilla-Walker afirma em estudo, Lucia confirma na vivência: a tarefa de ser irmã se amplia na solidariedade, na aceitação e no interesse pelo bem-estar do outro.

- Com certeza me tornei uma pessoa mais generosa por causa deles, por estar de prontidão para eles e por saber que eu estaria garantida - comenta.

União que vem do berço

Para que esta união de amor e afeto entre irmãos aconteça, no entanto, é preciso que todos os filhos se sintam seguros em relação ao amor dos pais. De acordo com a psicoterapeuta Ana Gabriela Andriani, os irmãos precisam saber que não há competição pela atenção dos pais e os pais precisam saber que as comparações devem ser evitadas.

- Os filhos são diferentes uns dos outros e estas diferenças precisam ser respeitadas - diz.

Se esta convivência for mantida na afetivadade, os irmãos podem compartilhar suas experiências durante toda a vida. Segundo Rosenberg, é simples assim.

- Quando a relação entre irmãos é bem conduzida, um sempre vai poder contar com o outro. E ter isso é realmente um antidepressivo - conclui Lucia, feliz por manter uma relação de amor, confiança e aceitação – porque ninguém é perfeito – entre os quatro.

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