Fotos da menina que completaria 8 anos hoje
A tragédia que envolveu a morte de Isabella Nardoni, que completaria oito anos neste domingo (18), deixou traumatizadas algumas crianças da escola onde ela estudava. Mães de alunos consideram que a posição da diretoria do colégio Isaac Newton, na zona norte da capital paulista, foi neutra: não houve reunião com pais de alunos que não fossem da turma de Isabella. Também não ocorreram atividades em grupo para tratar do assunto.
A filha de Cristiane* estudava na classe ao lado de Isabella no Isaac Newton. Elas eram tão amigas que foi complicado explicar a situação para garota, com cinco anos na época, conta a mãe.
- Quando ela viu a Isabella na TV, gritou: ‘olha, mamãe, a Isa da escola’. Tivemos que parar de ver televisão na minha casa. Eu dizia “lembra que mamãe falou que janela é perigoso”...
Rita*, mãe de um outro aluno, colega da filha de Cristiane, confirma que o colégio não fez nada para amenizar o impacto da tragédia com as crianças que não estudaram diretamente com Isabella. Não houve um dia com acompanhamento de psicólogo, por exemplo.
Ambas as mães criticam a posição do colégio, já que todas as crianças do nível Infantil de Isabella eram muito próximas.
Contato com a verdade
Para Mônica Guttman, psicóloga e educadora, o contato com a verdade, nesse caso, é fundamental. Ela ressalta que a história poderia ter sido explicada com muito tato e de forma adaptada para o universo infantil.
- As crianças vêem desenhos e histórias. Elas conhecem heróis e vilões e têm capacidade para compreender o que é crueldade.
Foi dessa maneira que a mãe Cristiane conseguiu acalmar sua filha.
- Tive que explicar que há pais e madrastas parecidos com os das “histórias de castelos” [referindo-se a Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá].
Mesmo assim, ela conta que a garota ficava longe das janelas, não queria ir ao banheiro da escola – porque, antes, encontrava Isabella passando batom em frente ao espelho – e faltou algumas vezes à aula.
- Fiquei tão traumatizada que nem palmada no bumbum eu conseguia dar. Cheguei a pedir perdão para a minha filha, pelas vezes que briguei com ela. Tinha pavor só em pensar que ela poderia ter medo de mim.
O receio de Cristiane não é irreal. A psicóloga Mônica Guttman conta que muitas pessoas se identificaram com o caso Isabella. Ela recebeu em seu consultório paciente com até 13 anos de idade que ficaram com medo das madrastas. Aconteceram problemas parecidos, de trauma entre crianças, na escola infantil Cantinho da Alegria, onde Isabella estudou até 2006.
Um menino de seis anos falou para a diretora Elenice dos Santos Romeu que não queria passar o fim de semana com o pai e a namorada porque ela iria fazer com o garoto "o mesmo que a madrasta de Isabella fez".
Escola onde Isabella estudou.
Mas, ao contrário do segundo lugar onde Isabella estudou, a creche teve participação ativa na época do crime. As crianças desenharam “seus sentimentos” – um menino pintou um edifício e a Isabella “deitada” no chão -, rezaram e mandaram “beijinhos para o céu” na comemoração de aniversário dela no ano passado. Elenice abriu a escola, deixou os jornalistas entrarem e deu entrevistas.
- Pensei que poderia ter errado, mas, no final, percebi que eu ajudei a fazer o casal ir a júri popular. Eles estavam na mídia, e a Justiça foi cobrada. Ela [a Isabella] passou por aqui [na Cantinho da Alegria]; não se pode cobrir o sol com a peneira.
Outro lado
A diretoria do colégio Isaac Newton foi procurada, mas não retornou os telefonemas da reportagem. A telefonista informou que o diretor João Tomas “não comenta sobre o caso Isabella”, e os seguranças da instituição também não falam sobre o assunto.
Foi apurado ainda que, na semana do crime, as aulas de todas as séries foram interrompidas para que fosse feito um minuto de silêncio em homenagem à Isabella.
* Os nomes foram trocados a pedido das mães dos alunos.
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