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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Em entrevista à revista "Contigo!", Grazi Massafera falou sobre sua gravidez, anunciada nesta segunda, 17.

- Eu e Cauã estamos muito felizes com a notícia e só vamos esperar completar os três primeiros meses, que são muito importantes para a formação do bebê, para falarmos mais. Mas agradecemos o carinho de todos - afirmou a atriz à publicação que chega nesta terça, 18, às bancas - Meu relógio biológico estava gritando, desejo ser mãe desde os 25 anos. Sempre acreditei que deveria estar feliz e plena para receber um bebê e é assim que eu me sinto. Minha profissão está me propiciando isso e o meu relacionamento também'.

Grazi Massafera fala sobre sua gravidez





Se você ficou maravilhado com o desfile de corpos sarados no filme “300”, protagonizado pelos belos Gerard Butler e Rodrigo Santoro, então vá se preparando para a estreia do longa-metragem “Imortais”.

Assim como “300”, a história também conta um mito da Grécia antiga: o príncipe guerreiro Teseu é um humano que lidera a luta contra demônios e Titãs ao lado dos deuses do olimpo.
No elenco, os atores John Hurt, como Zeus; Mickey Rourke, no papel do Rei Hyperion; Kellan Lutz, que dará vida a Poseidon; Stephen Dorff, como Stravos e Henry Cavill, que vai viver o Príncipe Teseu.

A produção será de Gianni Nunnari e Mark Canton – os dois trabalharam juntos em “300”– e a direção é de Tasem Singh, responsável pelo filme “A Cela”, protagonizado por Jennifer Lopez.

A estreia de “Imortais” será no dia 11 de novembro, mas, para matar a sua curiosidade enquanto a data não chega, veja o trailer abaixo.

'Imortais' aposta em corpos sarados para atrair publico

Os autores de uma nova biografia do pintor holandês Vincent van Gogh dizem que ele não cometeu suicídio, ao contrário do que se acreditava. Steven Naifeh e Gregory White, que escreveram o livro "Van Gogh: The Life" (Van Gogh: A Vida, em tradução livre), dizem que o mais provável é que o artista tenha morrido depois de ser atingido por disparos acidentais feitos por dois jovens que ele conhecia, que carregavam uma "arma com defeito".

Os autores chegaram a esta conclusão depois de passarem dez anos estudando a vida do pintor, com o auxílio de mais de 20 tradutores e pesquisadores. O Museu Van Gogh, em Amsterdã, disse que a afirmação é "dramática" e "intrigante".

No entanto, o curador do museu, Leo Jansen, disse em um comunicado que "muitas questões permanecem sem resposta" e que seria "prematuro descartar o suicídio".

Van Gogh morreu aos 37 anos, na cidade de Auvers-sur-Oise, na França, em 1890. Ele estava hospedado no hotel Auberge Tavoux, de onde caminhava até os campos de trigo locais para pintar. Por muito tempo, pensou-se que ele havia disparado contra si mesmo no campo antes de retornar para o hotel, onde morreu.

Mas segundo Steven Naifeh, Van Gogh não foi para o campo com a intenção de se suicidar.

- Em Auvers, entre as pessoas que o conheciam, a crença era a de que ele foi morto acidentalmente por dois rapazes e que, para protegê-los, assumiu a culpa - afirma.

Naifeh diz que o renomado historiador de arte John Rewald chegou a registrar essa versão dos eventos quando visitou Auvers nos anos 1930, e que outros detalhes corroboram a teoria. Entre eles, a confirmação de que a bala teria penetrado no abdômen do pintor em um ângulo oblíquo, e não reto, como é comum em suicídios. De acordo com o jornal espanhol El País, há também um depoimento de um jovem de 16 anos, datado de 1890, que corrobora a versão.

- Sabia-se que esses dois rapazes iam beber àquela hora do dia com Vincent. Um deles estava usando uma roupa de caubói e tinha uma arma quebrada com a qual brincava - disse Naifeh - Então temos dois adolescentes com uma arma quebrada, um garoto que gosta de brincar de caubói e três pessoas que provavelmente beberam demais - conclui.

Por causa destes fatores, o autor afirma que um "homicídio acidental" é mais provável.

No livro, os autores também fazem revelações sobre as relações familiares e a saúde do artista holandês. De acordo com eles, o sofrimento de Van Gogh, tido como um misto de mania e depressão, resultava de um tipo de epilepsia.

Milhares de cartas escritas pelo artista, que ainda não haviam sido traduzidas, estavam entre os documentos utilizados por Naifeh e White para criar uma base de dados de 28 mil notas, para a pesquisa que deu origem ao livro.

Nova biografia defende que Van Gogh não se suicidou

O ator Zachary Quinto tem destaque nos Estados Unidos; interpretou o assassino Sylar em Heroes e o Dr. Spock em Star Trek; mas também faz papeis importantes no teatro (como em Angels in America) e está na série American Horror Story. Ele acaba de assumir-se gay em entrevista para a revista New York. E o motivo é dos mais nobres: ainda que a imprensa sempre tenha desconfiado do rapaz, ela nunca o pressionou. Ele se assumiu por livre e espôntanea vontade depois que o adolescente gay Jamie Rodemeyer se suicidou por não aguentar mais o bullying homofóbico que sofria. Para Zachary, adultos gays (em especial os mais famosos) devem se assumir para mostrar a esses adolescentes que tudo melhora quando adulto. É o que ele fez.

A frase reveladora foi dada quando Zachary falava de seu papel na peça Angels in America, em que intepreta um gay.

- Foi a coisa mais desafiadora que fiz como ator e a mais recompensadora. Ao mesmo tempo, como um homem gay, isso me fez sentir que ainda há muito trabalho a fazer, e ainda muitas coisas que eu preciso buscar - declarou.

Depois de a revista com a informação de que Zachary é gay, ele mesmo publicou um texto muito sensível em seu blog. A gente reproduz ele na íntegra abaixo (traduzido e no original em inglês).
"quando eu descobri que jamey rodemeyer se matou - eu senti profundamente perturbado. mas quando eu descobri que jamey rodemeyer tinha feito um vídeo antes de tirar sua própria vida - eu senti desespero indescritível. eu também fiz um vídeo para a campanha 'its get better" ano passado - na sequência da trágica e sem sentido de suicídios de adolescentes gay que estavam varrendo a nação na época. mas à luz da morte de jamey - eu percebi em um instante que viver uma vida gay, sem reconhecer publicamente simplesmente não é suficiente para fazer qualquer contribuição significativa para o imenso trabalho que temos pela frente no caminho para a completa igualdade. nossa sociedade precisa reconhecer o impulso irrefreável em direção a igualdade civil inequívoca para cada cidadão gay, lésbica bissexuais e transgêneros do país. crianças gays precisam parar de se matar, porque eles sentem-se inúteis pelo cruel e implacável bullying. os pais precisam ensinar seus filhos os princípios de respeito e aceitação. estamos testemunhando uma enorme mudança de consciência coletiva em todo o mundo. estamos no precipício da grande transformação dentro de nossa cultura e do governo. eu acredito no poder da intenção de mudar a paisagem da nossa sociedade - e é minha intenção de viver uma autêntica vida de compaixão e integridade e ação. a vida de jamey rodemeyer mudou a minha. e o fato de sua morte só me faz desejar que eu tivesse feito isso antes - eu sou eternamente grato a ele por ser o catalisador para a mudança dentro de mim. agora eu só posso esperar para servir como catalisador para outros deste mundo. que - eu acredito - é tudo o que podemos fazer de nós mesmos e uns dos outros."

"when i found out that jamey rodemeyer killed himself - i felt deeply troubled. but when i found out that jamey rodemeyer had made an it gets better video only months before taking his own life - i felt indescribable despair. i also made an it gets better video last year - in the wake of the senseless and tragic gay teen suicides that were sweeping the nation at the time. but in light of jamey's death - it became clear to me in an instant that living a gay life without publicly acknowledging it - is simply not enough to make any significant contribution to the immense work that lies ahead on the road to complete equality. our society needs to recognize the unstoppable momentum toward unequivocal civil equality for every gay lesbian bisexual and transgendered citizen of this country. gay kids need to stop killing themselves because they are made to feel worthless by cruel and relentless bullying. parents need to teach their children principles of respect and acceptance. we are witnessing an enormous shift of collective consciousness throughout the world. we are at the precipice of great transformation within our culture and government. i believe in the power of intention to change the landscape of our society - and it is my intention to live an authentic life of compassion and integrity and action. jamey rodemeyer's life changed mine. and while his death only makes me wish that i had done this sooner - i am eternally grateful to him for being the catalyst for change within me. now i can only hope to serve as the same catalyst for even one other person in this world. that - i believe - is all that we can ask of ourselves and of each other."

Zachary Quinto, de Star Trek e Heroes, assume-gay gay


Amigos assumidos, os lutadores Anderson Silva e Rodrigo Minotauro viraram mote de uma campanha contra a homofobia. A ação traz uma foto em que os brasileiros aparecem se beijando.

A campanha ganhou força no Facebook e logo muitos usuários começaram a compartilhar a imagem de Anderson Silva beijando Minotauro.

Além da imagem, a campanha ainda traz a frase “Homofóbico, vai lá e chama de veado”.

Beijo de Anderson Silva em Minotauro vira campanha contra homofobia no Facebook

Valéria e Janete, do 'Zorra Total' viram bonecos

Consagrado mundialmente nas telas de cinema, o ator Johnny Depp já aprontou das suas na época em que ainda era criança. Em matéria publicada na última sexta-feira (14), pelo Showbiz Spy, o site afirmou que o artista admitiu que a cena em que põe álcool na boca e ateia fogo no filme O Diário de um Jornalista Bêbado, não teria sido a primeira vez para ele, lembrando de uma experiência bizarra na infância.

- Eu consegui cuspir um pouco de fogo quando era garoto, só que a gasolina se espalhou e minha cabeça se incendiou como uma tocha. É uma coisa estranha quando sua cabeça está pegando fogo. Você tende a entrar em pânico em primeiro lugar. E então, quando o pânico se instala e você não consegue se livrar dele, você corre. Isso é a pior coisa que se pode fazer. Um amigo meu, um cara chamado Bones, conseguiu apagar o fogo. Ele salvou minha vida - declarou.

Apesar de passar por esse enorme susto, Depp disse ter gostado de repetir o truque no novo longa, no qual interpreta o jornalista Paul Kemp.

- Eu estava muito animado naquela noite, com a possibilidade de realmente vomitar fogo - brincou.

Johnny Depp ateou fogo em si mesmo quando criança

O casal britânico Ryan e Dee Harris passou 18 meses tentando ter um filho e conseguiu de uma maneira pouco comum. Lincoln, que hoje tem 1 ano e 4 meses, foi concebido enquanto Ryan estava dormindo.

Ryan tem sonambulismo sexual, uma condição médica rara que faz com que a pessoa tenha relações sexuais enquanto está dormindo.

Dee estava anotando o dia e o horário de cada relação sexual que o casal mantinha. Os dados eram importantes para ajudar a entender por que ela ainda não tinha engravidado. Quando o filho finalmente veio, o registro serviu para saber quando ele foi concebido.

- Quando olhei, ficou claro que eu tinha concebido na noite em que fizemos ‘sexo sonâmbulo’, como chamamos, que é quando eu estou meio acordada e o Ryan dormindo profundamente - diz a mulher de 25 anos - Nós dois rimos muito quando percebemos - diz.

Ela conta que o “sexo sonâmbulo” aconteceu pela primeira vez pouco depois que eles passaram a morar juntos.

- Mandei uma mensagem para ele na manhã seguinte dizendo ‘ontem à noite foi ótimo’. Quando ele respondeu dizendo que não sabia do que eu estava falando, achei que ele estava brincando - conta a mulher. “Continuou acontecendo, mas Ryan nunca se lembrava de nada no dia seguinte - completa.

Ryan também achou que a mulher estava fazendo uma piada com ele.

- Há anos eu falo dormindo e, às vezes, no dia seguinte, sei que algo aconteceu, mas quando Dee me mandou a mensagem eu não tinha ideia do que ela estava falando. Eu honestamente pensei que ela estava brincando -  lembra - Quando fazemos sexo dormindo, Dee diz que não gosta de me acordar para não me assustar. Não me incomoda porque ela é bem compreensiva.

Os dois só perceberam que se tratava de uma condição médica quando assistiram a um programa de televisão que falava sobre o sonambulismo sexual.

O bebê

Dee teve dificuldades para engravidar porque tem a síndrome do ovário policístico desde a adolescência.

- Tentar ter um filho é muito estressante. Viramos robôs, era como se fosse um trabalho - relata Ryan - Foi um grande alívio quando Dee descobriu que estava grávida. Nós ficamos realmente satisfeitos. Eu acho que o sexo sonâmbulo teve alguma coisa a ver com isso, com certeza. Eu nem sabia o que estava acontecendo - diz o pai.

Britânico engravida mulher durante 'sexo sonâmbulo'

quinta-feira, 6 de outubro de 2011


Morreu nesta quarta-feira (5) aos 56 anos o empresário Steven Paul Jobs, criador da Apple, maior empresa de capital aberto do mundo, do estúdio de animação Pixar e pai de produtos como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.

Idolatrado pelos consumidores de seus produtos e por boa parte dos funcionários da empresa que fundou em uma garagem no Vale do Silício, na Califórnia, e ajudou a transformar na maior companhia de capital aberto do mundo em valor de mercado, Jobs foi um dos maiores defensores da popularização da tecnologia. Acreditava que computadores e gadgets deveriam ser fáceis o suficiente para ser operados por qualquer pessoa, como gostava de repetir em um de seus bordões prediletos, que era "simplesmente funciona" (em inglês, "it just works"). O impacto desta visão foi além de sua companhia e ajudou a puxar a evolução de produtos como o Windows, da Microsoft.

A luta de Jobs contra o câncer desde 2004 o deixou fisicamente debilitado nos anos de maior sucesso comercial da Apple, que escapou da falência no final da década de 90 para se transformar na maior empresa de tecnologia do planeta. Desde então, passou por um transplante de fígado e viu seu obituário publicado acidentalmente em veículos importantes como a Bloomberg. Há 42 dias, deixou o comando da empresa.

Foi obrigado a lidar com a morte, que temia, como a maioria dos americanos de sua geração, desde os dias de outubro de 1962 que marcaram o ápice da crise dos mísseis cubanos.

- Fiquei sem dormir por três ou quatro noites porque temia que se eu fosse dormir não iria acordar - contou, em 1995, ao museu de história oral do Instituto Smithsonian.

- Ninguém quer morrer - disse, posteriormente, em discurso a formandos da universidade de Stanford em junho de 2005, um feito curioso para um homem que jamais obteve um diploma universitário - Mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. E, por outro lado, a morte é um destino do qual todos nós compartilhamos. Ninguém escapa. É a forma como deve ser, porque a morte é provavelmente a melhor invenção da vida. É o agente da vida. Limpa o velho para dar espaço ao novo.

Homem-zeitgeist

A melhor invenção da vida, nas palavras do zen-budista Jobs, deixa a indústria da tecnologia órfã de seu "homem-zeitgeist", ou seja, o empresário que talvez melhor tenha capturado a essência de seu tempo. Jobs apostou na música digital armazenada em memória flash quando o mercado ainda debatia se não seria mais interessante proteger os CDs para fugir da pirataria.

Ele acreditou que era preciso gastar poder computacional para criar ambientes gráficos de fácil utilização enquanto as gigantes do setor ainda ensinavam usuários a editar o arquivo "AUTOEXEC.BAT" para configurar suas máquinas. Ele viu a oportunidade de criar smartphones para pessoas comuns ao mesmo tempo em que o foco das principais fabricantes era repetir o sucesso corporativo do BlackBerry.

Sob o comando de Jobs, a Apple dizia depender muito pouco de pesquisas de mercado. “Não dá para sair perguntando às pessoas qual é a próxima grande coisa que elas querem. Henry Ford disse que, se tivesse questionado seus clientes sobre o que queriam, a resposta seria um cavalo mais rápido", afirmou, em entrevista à revista "Fortune" em 2008. Em 2010, quando perguntado sobre quanto a Apple havia gasto com pesquisa com consumidores havia sido feito para a criação do iPad, Jobs respondeu que "não faz parte do trabalho do consumidor descobrir o que ele quer. Não gastamos um dólar com isso."

Nem sempre esta habilidade garantiu o sucesso da Apple, como na primeira versão da Apple TV, computador adaptado para trabalhar com central multimídia que não conseguiu um volume de vendas relevantes. Mas Jobs conseguia minimizar os fracassos: no caso da Apple TV, ele dizia que se tratava de um "hobby", um projeto pessoal que não fazia tanta diferença nos planos da empresa.

Perfeccionista e workaholic, Jobs gostava de controlar todos os pontos da produção da Apple, resistindo, inclusive, à decisão de terceirizar gradativamente a fabricação dos produtos da companhia para fabricantes chineses - plano proposto e executado pelo agora novo comandante da companhia, Tim Cook, e que se mostrou acertado.

Conhecido como um “microgerente”, nenhum produto da Apple chegava aos consumidores se não passasse pelo padrões Jobs de qualidade e de excentricidade. Isso incluía, segundo relatos, o número de parafusos existentes na parte inferior de um notebook e a curvatura das quinas de um monitor. No dia do anúncio de que Jobs estava deixando o comando da Apple, Vic Gundotra, criador do Google Plus, contou que recebeu uma ligação do presidente da Apple no domingo para pedir que fosse corrigida a cor de uma das letras do ícone do atalho do Google no iPhone.

Na busca por produtos que fossem de encontro com seu padrão de qualidade pessoal, Jobs era criticado em duas frentes. Concorrentes e boa parte dos consumidores que tentavam fugir da chamado "campo de distorção da realidade" criado pela Apple reclamavam das diversas decisões que faziam dos produtos da companhia um "jardim fechado", incompatíveis com o resto do mundo e restritos a normas que iam além de restrições tecnológicas. Tecnicamente sempre foi possível instalar qualquer programa no iPhone, mas a Apple exige que o consumidor só tenha acesso aos programas aprovados pela companhia.

Internamente, entre alguns de seus funcionários, deixou a imagem de "tirano". Alan Deutschman, autor do livro “The second coming of Steve Jobs", afirma que, ao lado do "Steve bom", o mago das apresentações tão aguardadas pelo didatismo e capacidade de aglutinar o interesse do consumidor, também existia o “Steve mau”, um sujeito que gostava de gritar, humilhar e diminuir qualquer pessoa que lhe causasse algum tipo de desprazer.

Ao jornal “The Guardian”, um ex-funcionário que trabalhou na Apple por 17 anos comparou a convivência com Steve com à sensação de estar constantemente na frente de um lança-chamas. À revista “Wired”, o engenheiro Edward Eigerman afirmou: “mais do que qualquer outro lugar onde já trabalhei, há uma grande preocupação sobre demissão entre os funcionários da Apple”. A mesma publicação contou que o diretor-executivo não via problemas em estacionar sua Mercedes na área da empresa reservada aos deficientes físicos -- às vezes, ele ocupava até dois desses espaços.

Jobs também sempre precisou de um "nêmesis", um inimigo que ele satanizava e ridicularizava em público como contraponto de suas ações na Apple. O primeiro alvo foi a IBM, com quem disputou o mercado de computadores pessoais principalmente no início dos anos 80. Depois, a Microsoft, criadora do MS-DOS e do Windows. Mais recentemente, Jobs vinha mirando o Google, gigante das buscas na internet cujo presidente chegou a fazer parte do conselho de administração da Apple, e que investiu no mercado de sistemas para smartphones com o Android. Jobs ordenou que a Apple lutasse, mesmo que judicialmente, contra o programa que ele considerava um plágio do iOS, coração do iPhone e do iPad.

O sucesso empresarial de Jobs é ainda um dos principais resquícios da transformação da contracultura dos anos 60 e 70 em mainstream nas décadas seguintes. A companhia que hoje briga para ser a maior do mundo foi fundada após Jobs ir à Índia em 1973 em busca do guru Neem Karoli Baba. O Maharaji morreu antes da chegada de Jobs, mas o americano dizia que havia encontrado a iluminação no LSD.

- Minhas experiências com LSD foram uma das duas ou três coisas mais importantes que fiz em minha vida -disse, em entrevista ao "New York Times".

Depois, afirmou que seu rival, Bill Gates, seria "uma pessoa (com visão) mais ampla se tomasse ácido uma vez". O LSD foi a mesma droga que fascinara o inventor do mouse e precursor do ambiente gráfico, Douglas Englebart, cerca de dez anos antes de Jobs.

Coincidentemente foram o mouse e o ambiente gráfico os inventos que chamaram a atenção de Jobs na fatídica visita ao laboratório da Xerox em Palo Alto, em 1979. É uma das histórias mais contadas e recontadas do Vale do Silício, e as versões variam entre acusações de espionagem industrial à simples troca pela Apple de patentes que a Xerox não teria interesse em desenvolver por ações da companhia, que abriria seu capital no ano seguinte.

Fato é que a equipe de Jobs voltou da visita encantada com a metáfora do "desktop" utilizada pelo Xerox Alto. A integração entre ícones representando cada uma das funções do computador, acessadas por meio de uma seta comandada por um mouse, foi a base do Apple Lisa e, posteriormente, do Macintosh.

Com o "Mac", enfim, Jobs conseguiu colocar em prática a visão de que havia desenvolvido em parceria com o amigo e sócio Steve Wozniak, responsável pela criação das soluções técnicas que fizeram dos primeiros computadores da Apple máquinas que mudaram o cenário da computação "de garagem" que vinha se desenvolvendo nos Estados Unidos nos anos 70. Agora, 8 anos após a fundação da empresa, Jobs e "Woz" apresentavam um computador que não era feito para "o restante de nós".

- Algumas pessoas acreditam que precisamos colocar um IBM PC sobre cada escrivaninha para melhorarmos a produtividade. Não vai funcionar. As palavras mágicas especiais que você precisa aprender são coisas como 'barra Q-Z'. O manual para o WordStar, processador de texto mais popular, tem 400 páginas. Para escrever um livro, você precisa ler um livro - e um que parece um mistério complexo para a maioria das pessoas - afirmou Jobs em entrevista publicada pela Playboy americana de fevereiro de 1985.

Na frase, Jobs demostra que queria enfrentar a IBM, gigante nascida no início do século e que, depois de dominar o mercado de servidores corporativos, queria tomar também o setor de computadores pessoais. Para ele, as máquinas da IBM eram feitas "por engenheiros e para engenheiros", e havia a necessidade de criar algo para o "restante", ou, como diria a famosa campanha "Pense diferente" da Apple de 1997, um computador para "os loucos, os desajustados, os rebeldes (..), as peças redondas encaixadas em buracos quadrados".

Saída da própria empresa

Mas o sucesso do Mac - que viria posteriormente a impulsionar a adoção de ambientes gráficos até mesmo entre os computadores da IBM (com o Windows, criado pela Microsoft) - não evitou que Jobs acabasse demitido de sua própria companhia. As disputas internas entre equipes que queriam investir no mercado corporativo e as que apostavam apenas no consumidor fizeram com que John Sculley, vindo da Pepsi à convite do próprio Jobs, convencesse o conselho de administração de que era hora da empresa se livrar de seu fundador.

Durante a década em que esteve fora, Jobs fez dois investimentos que acabaram, de maneiras diferentes, alavancando o mito em torno de seu "toque de midas". No primeiro, pagou US$ 10 milhões pela problemática divisão de computação gráfica da LucasFilm, empresa de George Lucas responsável por franquias do cinema como Star Wars e Indiana Jones. A nova empresa foi batizada de Pixar, e após emplacar sucessos como “Toy story”, “Vida de inseto”, “Monstros S.A.” e “Procurando Nemo”, acabou sendo adquirida pela Disney por US$ 7,4 bilhões em 2006. No processo, Jobs se transformou no maior acionista individual da companhia de Mickey Mouse.

O outro investimento foi a semente não apenas do retorno de Jobs à Apple, mas teve relação direta com o surgimento da World Wide Web, invenção que impulsionou o crescimento da internet no mundo. Com a NeXT, Jobs desenvolveu computadores poderosos indicados para o uso educacional e desenvolvimento de programas. Um terminal NeXT foi usado por Tim Berners-Lee como o primeiro servidor de web do mundo, em 1991. Em dezembro de 1996, a Apple adquiriu a NeXT, manobra que serviu para incorporar tecnologias ao grupo e trazer Jobs de volta para o comando da companhia.

O retorno de Jobs marca o início de uma era de crescimento para a Apple incomum na história do capitalismo americano. A sequência de sucessos - alguns atrelados a mudanças no paradigma de mercados importantes - inclui o MacBook, o tocador digital iPod, a loja virtual iTunes, o iPhone e o iPad. A maioria destes produtos veio de ideias impostas pelo próprio Jobs. À revista “Fortune”, em 2008, Jobs falou sobre sua tão aclamada criatividade - "sempre aliada ao trabalho duro", como ele mesmo enfatizou.

- Não dá para sair perguntando às pessoas qual é a próxima grande coisa que elas querem. Henry Ford disse que, se tivesse questionado seus clientes sobre o que queriam, a resposta seria um cavalo mais rápido.

Nesta segunda passagem, Jobs reforçou ainda o legado de um empresário ímpar, que impunha uma visão holística na criação, desenvolvimento e venda de seus produtos, Do primeiro parafuso ao plástico que embalaria a caixa de cada aparelho, passando por custo, publicidade, estratégia de vendas.

Sigilo na vida pessoal

A mesma discrição que Jobs impunha na vida profissional - os lançamentos da Apple sempre foram tratados como segredo, aumentando a gerar um movimento de especulação que acabava servindo como publicidade gratuita - foi adotada em sua vida pessoal. Por isso, a luta do executivo contra o câncer no pâncreas foi tratada com muito sigilo, dando margem a uma infinidade de boatos.

Em 2004, Jobs fez tratamento após descobrir um tipo raro da doença. Durante o ano de 2008, Jobs foi aparecendo cada vez mais magro e os boatos aumentaram, até que ele anunciou em janeiro de 2009 seu afastamento da diretoria da empresa para cuidar da saúde. No início de 2011, novo afastamento, até que, em agosto, Jobs deixou de vez o comando da Apple.

- Eu sempre afirmei que se chegasse o dia em que eu não fosse mais capaz de cumprir minhas obrigações e expectativas como CEO da Apple, eu seria o primeiro a informá-los disso. Infelizmente, este dia chegou - afirmou, em comunicado.

A vida reservada fez, por exemplo, que Jobs não tivesse contato direto com sua família biológica. Nascido em 24 de fevereiro de 1955 em San Francisco, filho dos então estudantes universitários Abdulfattah John Jandali, imigrante sírio e seguidor do islamismo, e Joanne Simpson, foi entregue à adoção quando sua mãe viajou de Wisconsin até a Califórnia para dar à luz.

Segundo o pai biológico, os sogros não aprovavam que sua filha se casasse com um imigrante muçulmano. Lá, ele foi adotado por Justin e Clara Jobs, que moravam em Mountain View. Seus pais biológicos depois se casaram e tiveram uma filha, a escritora Mona Simpson, que só descobriu a existência do irmão depois de adulta.

Do pai adotivo, herdou a paixão de montar e desmontar objetos. Assim como Paul, Steve não chegou a ser um especialista em eletrônicos, mas ao aprender os conceitos básicos conseguiu se aproximar das pessoas certas no lugar certo. Vivendo no Vale do Silício, conheceu Steve Wozniak, gênio criador do primeiro computador da Apple. Trabalhou na Atari até decidir criar, com Woz, sua própria empresa.

Em mais uma conexão com a contracultura, Jobs teria tido um relacionamento de curta duração com a cantora folk Joan Baez, ex-namorada do ícone da música Bob Dylan, talvez o maior ídolo do empresário.

Casado com Laurene Powell desde 1991, Jobs deixa quatro filhos: Reed Paul, Erin Sienna, e Eve, nascidos de seu relacionamento com Laurene, e Lisa Brennan-Jobs, de um relacionamento anterior com a pintora Chrisann Brennan.

Morre Steve Jobs