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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sarkozy enfrenta investigação da Justiça por doação ilegal à campanha

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A procuradoria da cidade de Nanterre, nos arredores de Paris, anunciou nesta quarta-feira (7) a abertura de investigações sobre a alegação de que uma das mulheres mais ricas da França financiou ilegalmente a campanha de Nicolas Sarkozy à Presidência do país.

Claire Thibout, ex-contadora de Liliane Bettencourt, herdeira da L'Oréal, disse à polícia que a campanha de Sarkozy em 2007 recebeu uma doação secreta de 150 mil euros (cerca de R$ 334 mil) em espécie, vindos de contas da bilionária.

Segundo Thibout, o ministro do Trabalho, Eric Woerth, também tesoureiro do partido do governo (UMP), teria recebido o dinheiro em 2007.

O presidente Sarkozy contesta as acusações e afirmou, na terça-feira, que se tratam de "calúnias, com o único objetivo de denegrir".

Saques

A quantia que Thibout disse que foi dada à campanha de Sarkozy seria ilegal porque, de acordo com a legislação, o montante máximo das doações feitas por pessoas físicas a partidos políticos é de 7,5 mil euros por ano.

No caso de doações feitas diretamente a um candidato, a quantia é ainda menor, de apenas 4,6 mil euros, e as doações em espécie não podem ultrapassar 152 euros.

Thibout revelou o teor de seus dois depoimentos à polícia em uma entrevista ao site Mediapart na terça-feira.
A ex-contadora afirmou ter retirado 50 mil euros em espécie da conta bancária de Bettencourt em 26 de março de 2007, a pedido do gestor da fortuna da bilionária, Patrice de Maistre.

Segundo o jornal "Le Monde", nesta quarta-feira, a polícia da Brigada de Repressão da Delinquência sobre a Pessoa confirmou ter encontrado provas de que o saque de 50 mil euros, que a ex-contadora afirma ter feito em março de 2007, foi efetivamente realizado.

Thibout também afirmou que o gestor da fortuna de Bettencourt teria retirado 100 mil euros de uma conta na Suíça e que os 150 mil euros teriam sido entregues ao ministro Woerth durante um jantar.

'Alegações mentirosas'

Em depoimento à polícia na terça-feira, Patrice de Maistre contestou as "alegações mentirosas" da ex-contadora, segundo seu advogado, Pascal Wilhelm.

Pressionado pela oposição e também por seu partido a se explicar sobre o caso, que a cada dia cresce na França com novas suspeitas, Sarkozy poderá dar uma entrevista na TV no próximo dia 13.

Woerth, que antes de ser ministro do Trabalho ocupou a pasta do Orçamento e era responsável pela luta contra a evasão fiscal, rejeitou, na terça-feira, a possibilidade de pedir demissão.

A herdeira da L'Oréal é suspeita de não ter declarado ao Fisco francês duas contas na Suíça que totalizariam 78 milhões de euros e uma ilha nas Seicheles, no Oceano Índico.

O caso, que era uma disputa familiar na Justiça envolvendo sua filha, se transformou em um escândalo político após a revelação de gravações clandestinas realizadas pelo mordomo da herdeira, que sugerem a prática de evasão fiscal e relações com membros do governo francês, inclusive doações para campanhas.

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