A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, declarou nesta quinta-feira (27) que o acordo nuclear assinado entre o Brasil, a Turquia e o Irã "deixou o mundo mais perigoso, não menos". Ela afirmou que seu país e o Brasil têm "sérias divergências" sobre o programa nuclear iraniano, apesar de as relações bilaterais em outros temas serem boas.
- Sem dúvida, temos sérias divergências com a política diplomática do Brasil em relação ao Irã.
Essas foram as declarações mais diretas de Hillary sobre como vê a negociação brasileira e turca com os iranianos sobre seu programa nuclear.
A chefe da diplomacia americana fez o pronunciamento ao ser questionada no Instituto Brookings, em Washington, sobre a opinião do governo dos EUA a postura do Brasil no caso e o acordo de troca de combustível nuclear que o país assinou com a Turquia e Irã.
Os Estados Unidos acusam o Irã de querer desenvolver armas atômicas, algo que é negado pelos iranianos, que afirmam que seu programa tem apenas fins civis.
No último dia 17, Brasil, Irã e Turquia anunciaram um acordo para troca de combustível nuclear iraniano em território turco.
O acordo foi assinado em Teerã na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do iraniano Mahmoud Ahmadinejad e do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan. O Irã notificou oficialmente a AIEA (agência atômica das Nações Unidas) sobre o trato na última segunda-feira (24).
Pelo acordo, o Irã se compromete a entregar 1.200 kg de urânio levemente enriquecido (a 3%) em território turco. Em troca, no prazo de um ano, recebe 120 kg do combustível nuclear enriquecido a 20% - nível suficiente para alimentar um reator usado na medicina, mas não para construir uma bomba atômica.
O acordo segue as linhas de uma proposta feita pela AIEA no ano passado, com a diferença de que o material seria entregue à Rússia e à França – países tidos como menos confiáveis pelo Irã do que a Turquia.
O documento também segue os conselhos dados pelo presidente dos EUA, Barack Obama, em carta enviada a Lula dias antes da assinatura do acordo. O documento diplomático acabou vazando e foi revelado pela agência Reuters.
Mesmo assim, os Estados Unidos, apoiados pelos outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), divulgaram que irão patrocinar uma nova rodada de sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear.
Nesta semana, o governo Obama anunciou que ele não visitará o país antes das eleições presidenciais brasileiras, em 3 de outubro. A decisão foi vista por analistas como uma forma de Obama não sinalizar apoio à candidata de Lula, Dilma Rousseff. E também como consequência das divergências entre os dois presidentes em episódios como a crise política de Honduras e a questão nuclear do Irã.
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