Os advogados que fazem a defesa do militar reformado Mizael Bispo de Souza, apontado como o principal suspeito de matar a ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, 28, dizem que estão tendo o direito de defesa cerceado e por isso Mizael está foragido.
- Não tivemos acesso a nenhum laudo até agora e nem aos depoimentos do processo, tornando claro o cerceamento de defesa do meu cliente - afirmou o advogado Ivon Ribeiro à Folha, nesta quarta-feira.
Segundo ele, os dados sigilosos alegados pela Justiça para pedir a prisão preventiva de Mizael são totalmente desconhecidos. O cerceamento da defesa seria um dos motivos apresentados para que o suspeito continue foragido. Os advogados alegam que o pedido de prisão é arbitrário.
Ontem (3), a Justiça de Guarulhos (Grande São Paulo) aceitou denúncia do Ministério Público contra Mizael e decretou sua prisão preventiva.
- Não sou carcereiro, não levo ninguém pra ser preso. Se eu entregar alguém na cadeia, não sei quando vou tirar ela de lá - disse Samir Haddad Jr., que também defende Mizael, após sair do Tribunal de Justiça.
Na manhã de hoje, ele entregou o pedido de habeas corpus para seu cliente.
De acordo com Haddad Jr., Mizael continua escondido em Guarulhos (Grande SP).
- Ele está mal e preso, porque não pode sair na rua de jeito nenhum. Desta vez, ele não recebe a ajuda de ninguém, se escondeu sozinho e estocou comida."
Para a defesa, o relatório entregue pela Promotoria é vago e inconsistente.
- Consta da peça do Ministério Público que em horário precisamente ignorado, mas certamente entre 19 e 21h, entre os bairros Parque Cecap (Guarulhos) e Cuiabá (Nazaré Paulista), Mizael matou a Mércia. É muito impreciso, poderia ter dito que é de Guarulhos até Sergipe - argumenta Ribeiro.
Os advogados também criticam a comoção pública que foi atribuída ao caso após compará-lo com a morte de Isabella Nardoni.
- Dizem que é violento, mau-caráter, no relatório do delegado que investigou o caso tem a fala da irmã dela (da Mércia) que disse que em algumas oportunidades a advogada apresentava hematomas pelo corpo, provavelmente, oriunda de agressões por parte de Mizael. No entanto, não há nenhuma ocorrência registrada sobre os fatos - defende Ribeiro.
Ele também condena o fato de ter sido pedida a ficha funcional de Mizael à Justiça Militar.
Mizael foi acusado de homicídio triplamente qualificado, mas desde o início das investigações nega qualquer envolvimento com o crime. O vigia, acusado pela polícia de ajudar Mizael, foi denunciado por homicídio duplamente qualificado. Silva chegou a falar, em depoimento à polícia, que combinou de ir buscar Mizael na represa de Nazaré Paulista no dia 23 de maio - data de desaparecimento de Mércia -, mas depois mudou a versão e negou envolvimento com o crime.
Vigia
O vigia Evandro Bezerra da Silva foi transferido na tarde desta quarta-feira do 1º DP de Guarulhos para o CDP 1 de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, de acordo com o delegado titular Francisco Missaci.
A mudança de cela ocorreu após ser decretada a prisão preventiva do vigia, na tarde d eontem, pelo juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano.
O vigia Evandro Bezerra Silva, acusado pela polícia de ajudar Mizael, foi denunciado pela Promotoria por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
O juiz não acolheu a acusação contra Mizael e Silva por ocultação de cadáver, pois entendeu que "a intenção de jogar a vítima na represa não era de ocultar o cadáver, e, sim, de consumar" o assassinato.
Caso
Mércia foi vista pela última vez na casa dos seus avós no dia 23 de maio. O carro da advogada foi encontrado no dia 10 de junho em uma represa na cidade de Nazaré Paulista, após indicação de um homem que viu o veículo ser empurrado enquanto pescava. No dia seguinte seu corpo foi encontrado no mesmo local, após ela ter ficado desaparecida por 17 dias.
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