A mesa de cirurgia que quebrou durante o parto, no domingo (23), e provocou a morte do bebê João Henrique logo após o nascimento, estava com desgaste. A informação é da delegada Eliana Barbosa, responsável pelo caso, depois de ouvir relato preliminar dos peritos do Instituto de Criminalística (IC). O acidente ocorreu no Hospital Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro (BA).
- O material foi analisado ainda no hospital e a fadiga dos parafusos era evidente. De qualquer forma, enviamos o equipamento para uma empresa especializada em perícia de metais, em Salvador - disse a delegada.
Segundo informações da diretoria médica do hospital, a mesa de cirurgia quebrou durante o parto, derrubando a mãe, Alcione Teixeira Santos, 28 anos, e o recém-nascido no chão. A criança foi sepultada nesta segunda-feira (24), no Cemitério de Pindorama, na cidade. A mãe recebeu alta nesta terça-feira (25) e não chegou a acompanhar o enterro do filho. O atestado de óbito da criança foi emitido nesta quarta-feira (26), após pedido da advogada da família, Angélica Marssaro.
Em entrevista à TV Bahia, Alcione contou o que aconteceu na sala de cirurgia.
- Já fui com a bolsa rompida e sentindo um pouco de dor. Vieram duas enfermeiras e mandaram eu ir fazendo força. Eu fazia força e nada da cabeça do menino. Elas sugeriram me levar para a mesa do parto, que lá tinha ferros, e podia segurar para ir fazendo força e na hora do parto, facilitar. Eu segurei nos ferros e ia fazendo a força e nada. Foi quando o médico chegou e comentou: ‘essa mesa não vai aguentar’. E me deixou ali, não fez nada. Foi na hora que a maca arriou. O menino ainda estava dentro de mim. Eles fizeram meu parto no chão. Eu não vi minha criança. Não sei nem a cor do meu filho. Se é moreno, ou se é branco - contou a mãe.
Eliana ouviu o depoimento de Alcione na manhã desta quarta-feira.
- Ela nos relatou que caiu no chão quando apenas a cabeça do filho tinha saído e o resto do corpo da criança ainda estava dentro dela. O parto foi concluído quando a mãe estava no chão. A mãe nos disse ainda que não chegou a ver o rosto do filho, apesar de ter pedido para vê-lo - afirmou a delegada.
O médico responsável pelo parto, a enfermeira chefe, a responsável pela administração do hospital - que é terceirizada, e o técnico de manutenção do hospital foram à delegacia na tarde desta quarta-feira, mas serão ouvidos formalmente na segunda-feira (31).
- O médico me disse hoje que as informações do pré-natal davam conta de que a criança tinha perto de 4,6 quilos e que o acidente aconteceu quando ele fazia a manobra para retirar os ombros da criança - disse Eliana.
Em nota, o hospital informou que Alcione entrou em trabalho de parto às 6h e o nascimento de João Henrique ocorreu às 15h30, de parto normal. Ainda de acordo com o documento, por conta da queda, a mãe sofreu traumatismo na região do púbis e na perna direita, e o recém-nascido morreu por conta do acidente.
Família
A sobrinha de Alcione, Deiriane Rodrigues, 20 anos, que ficou como acompanhante dela no hospital na segunda-feira (24), disse que o médico responsável pelo parto visitou a tia para tentar explicar o ocorrido na sala de cirurgia.
- O médico disse para minha tia que a mesa estava em ordem, mas minha tia disse que lembra de ter ouvido o médico falar para ela, antes do parto, que a mesa não iria aguentar a realização do parto.
O médico teria negado essa versão para a delegada. Ainda de acordo com Deiriane, durante a visita, o médico ainda teria feito piada com o peso de Alcione.
- Ele teve coragem de falar que minha tia estava acima do peso. Isso a deixou mais abalada ainda. Minha tia não teve coragem de olhar para a cara do médico. Ela não quis nem conversar com ele de tão abalada que ficou.
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