Verônica Verone, de 18 anos, acusada de matar por enforcamento o amante Fábio Gabriel Rodrigues, de 33 anos, num motel de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, negou na tarde desta sexta-feira (19) ao juiz Peterson Barroso Simões que tivesse tentado matar o empresário. O crime ocorreu no dia 14 de maio.
Ela, porém, confessou que o atacou com um cinto porque, segundo disse, "ficou cega" quando ele tentou tirar sua roupa e quis agredi-lo. "Agora caiu a ficha, eu não matei Fábio, matei meu pai", disse ela, que alega ter sido violentada na infância pelo pai, já falecido.
A jovem contou em interrogatório no 3º Tribunal do Júri de Niterói que nunca foi namorada de Fábio, e que era apenas amiga dele, embora, segundo disse ao juiz, "ele, às vezes, confundia as coisas" e tinha ciúmes dela com namorados. Ela disse que nunca tiveram relações sexuais e o interesse dela por ele era apenas para sair um pouco de casa, já que a mãe a vigiava muito.
Verônica explicou que eles foram ao motel porque ele queria usar drogas mas, dentro do motel, quando ele a tocou, segundo disse, viu na cara de Fábio o rosto do pai.
- Ele estava muito bêbado e me puxou dizendo 'Vem cá", e começou a tirar meu short. Fiquei cega, vi o rosto do meu pai e quis agredir. Senti até o cheiro do meu pai - relatou ela.
A jovem disse que quando viu sair sangue da boca de Fábio parou assustada e tentou socorrê-lo, porque ele ainda estava respirando. Ela tentou arrastá-lo até o carro, mas percebeu que ele já não respirava mais, contou ao juiz.
Drogas
Ela explicou que na noite do crime se encontrou com ele num bar em Itaipu, em Niterói, e como ele estaria muito bêbado, levou-o até a casa dela onde ele tomou um banho e pediu para beber mais. Ela, então, disse à mãe que iria levar Fábio para a casa onde ele morava com a mãe dele, mas, no meio do caminho, Fábio pediu para parar numa favela para comprar drogas.
Verônica disse ao juiz que o empresário quis ir ao motel para usar a droga e porque achava que estava sendo seguido por policiais depois que saiu da favela. Ela explicou que nunca usou drogas e como usa remédios controlados para combater a síndrome do pânico estava autorizadar a tomar um ou dois chopes uma vez por semana apenas, o que obedecia porque, segundo disse, tinha receio de misturar álcool com remédios.
Crise de choro
Por volta das 18h, quando explicava ao juiz como tinha saído do motel, quando viu que Fábio estava morto, levando o cinto para se desfazer dele depois, ela, que até então, aparentava calma, teve uma crise de choro e o juiz precisou interromper o interrogatório por três minutos, permitindo a seu advogado Rodolfo Thompson, que se aproximasse dela no banco dos réus para acalmá-la.
Problemas mentais
Mais cedo, como testemunha de defesa, Elizabeth Verone de Paiva, mãe de Verônica disse que na noite da morte do empresário, ele foi com Verônica à casa delas e ele estava muito bêbado. A mãe de Verônica disse que se dava muito bem com Fábio. Ela disse que a filha e Fábio sempre foram muito amigos, que ele tinha muito carinho por ela e a chamava de "meu bebê". Segundo Elizabeth, ele frequentava a casa dela e a chamava de tia.
A mãe contou ao juiz que o pai da jovem, já falecido sempre teve problemas mentais, passou por diversos períodos de internação por causa da esquizofrenia, era usuário de drogas e foi contaminado com o vírus HIV.
A defesa de Verônica sustenta que a jovem tem problemas mentais herdados do pai e pode ter cometido o crime durante uma crise mental. Seus advogados dizem ainda que ela sofreu abusos sexuais na infância.
Pressão
No dia 29 de julho passado, o juiz Peterson Barroso Simões, da 3ª Vara Criminal de Niterói, ouviu o depoimento de 14 testemunhas de acusação. Um dos principais depoimentos foi de um amigo de Fábio, que esteve com ele até poucas horas antes de sua morte, e que confirmou que Verônica exercia muita pressão para continuar o relacionamento que ele queria terminar. Segundo a testemunha, ela telefonava insistentemente e aparecia de surpresa nos locais onde ele estava.
Crime
O assassinato aconteceu dia 14 de maio em um motel da Região Oceânica de Niterói. Segundo o inquérito, Fábio foi morto por asfixia mecânica, enforcado possivelmente por um cinto.
A polícia também concluiu que Verônica tentou esconder o corpo do empresário. Ela teria arrastado o cadáver, que pesava 90 kg, do quarto do motel até a garagem. Os investigadores excluíram a possibilidade de participação de uma outra pessoa depois da reconstituição do crime, quando Verônica conseguiu arrastar um policial e um saco de areia, ambos com o mesmo peso de Fábio.
Presa desde maio, ela pode pegar até 30 anos de prisão, segundo a delegada.
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