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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Panamericano diz não ter identificado desvio de recursos

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O diretor superintendente do Panamericano, Celso Antunes da Costa, afirmou nesta quarta-feira (16), durante a apresentação do balanço contábil de 2010, que não foi identificado desvio de recursos nas operações do banco.

- Isso a gente não identificou e não nos cabe identificar. Nós fizemos um levantamento, não uma investigação - disse - Em momento algum encontramos qualquer coisa que nos remetesse a imaginar que houvesse desvio. Não estou dizendo que não teve porque a gente não fez um trabalho investigativo - completou.

Durante a preparação do balanço, foi identificado, de acordo com o diretor, que em casos de prejuízo, uma espécie de manipulação dos números era feita para cobri-lo, provocando uma situação cada vez pior.

- Vira uma bola de neve - disse.

Segundo Costa, o Banco Central, a Polícia Federal e o Ministério Público têm acesso irrestrito a qualquer dado que seja necessário para eventuais investigações. "Eles têm acesso geral a tudo o que for pedido. É só fazer o pedido formal, como prevê a lei, que os dados são fornecidos."

O Panamericano, que teve seu controle comprado pelo BTG Pactual, divulgou nesta quarta-feira balanço patrimonial confirmando que o rombo total nas contas chegou a R$ 4,3 bilhões.

No comunicado, o Panamericano informa que além do rombo inicial de R$ 2,5 bilhões, "a administração identificou irregularidades adicionais de R$ 1,3 bilhão inicialmente informados e outros ajustes não relacionados a inconsistências no valor de R$ 0,5 bilhão".

A instituição mantinha em seu balanço como ativos carteiras de crédito que haviam sido vendidas a outros bancos. Também houve duplicação de registros de venda de carteiras, inflando o resultado do Panamericano, segundo identificou o Banco Central.

Segundo o balanço, o valor total de R$ 4,3 bilhões foi integralmente ajustado no balanço patrimonial e é a soma de: R$ 1,6 bilhão referente à carteira de crédito insubsistente, R$ 1,7 bilhão referente a passivos não registrados de operações de cessão liquidados/referenciados, R$ 500 milhões referentes à irregularidades na constituição de provisões para perdas de crédito; R$ 300 milhões referentes a ajustes de marcação a mercado; e R$ 200 milhões referentes a outros ajustes

- A complexidade dos mecanismos adotados na geração das inconsistências contábeis impediu a definição do momento exato em que começaram a ocorrer as irregularidades contábeis e fragilidades dos controles internos que ocasionaram a falta de confiabilidade dos registros - informou o Panamericano no relatório.

Diante disso, segundo o banco, ficou inviável mensurar quais ajustes de inconsistências contábeis se referiam aos exercícios anteriores, quais competiam ao exercício encerrado em 31 de dezembro de 2009, e quais dizem respeito ao ano de 2010.

O banco fechou o mês de dezembro com prejuízo de R$ 142 milhões.O Panamericano terminou o ano de 2010 com carteira de crédito totalizando R$ 13,3 bilhões, contra 9,97 bilhões de reais em 2009, conforme resultado divulgado anteriormente.

O banco que pertencia a Silvio Santos, dono do SBT, protagonizou uma fraude contábil revelada em novembro do ano passado. Em 31 de janeiro, o BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, anunciou a compra do controle do Panamericano por R$ 450 milhões, assumindo 51% das ações com direito a voto que pertenciam ao Grupo Silvio Santos e parcela de papéis preferenciais da instituição.

O BTG deverá realizar uma oferta pública de ações para os acionistas pelo mesmo preço pago para as ações que pertenciam ao Grupo Silvio Santos. A instituição disse que se comprometerá a não fechar o capital do banco pelo prazo de um ano.

Em relação ao acordo operacional fechado com a Caixa, o banco informou que o portifólio de produtos poderá ser ampliado, além de haver a possibilidade de atuação das duas instituições em convênios e elaboração de estratégias "buscando aumento contínuo no marketing share e o alcance de novos mercados".

Resgate privado

Em novembro, o Banco Central e o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) organizaram um plano que resultou na injeção, pelo FGC, de R$ 2,5 bilhões no Panamericano para reforçar o seu balanço e evitar uma corrida aos depósitos. O FGC emprestou o dinheiro a Silvio Santos, que deu como garantia as empresas do seu grupo, que incluem uma emissora de televisão e uma fabricante de cosméticos. Na ocasião do anúncio da venda para o BTG, o fundo anunciou um repasse adicional de R$ 1,3 bilhão, somando um total de R$ 3,8 bilhões.

- Se o banco fosse liquidado perderíamos mais R$ 2,2 bilhões para cobrir os depósitos de clientes com garantias especiais - disse o diretor-executivo da instituição, Antonio Carlos Bueno, após a venda do Panamericano ao BTG.

Com o acordo, o BTG Pactual passa a deter 34,64% do Panamericano, com 51% das ações ordinárias – o que garante o controle do banco – e 21,97% das preferenciais.

Pelo contrato de compra e venda do Panamericano, o dinheiro pago pelo BTG ao Grupo Silvio Santos serão transferidos diretamente ao FGC.

O comando do Panamericano está agora nas mãos de José Luiz Acar Pedro, sócio do BTG.

Especializado nos segmentos de leasing e financiamento de automóveis, o Panamericano teve 49% do capital votante e 35% do capital total vendido para o banco estatal Caixa Econômica Federal em dezembro de 2009, por R$ 739,2 milhões.

Na semana passada, a Caixa informou que vai disponibilizar de 8 bilhões a 10 bilhões de reais ao Panamericano para dar liquidez ao banco.

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