O presidente da França, Nicolas Sarkozy, demitiu Alain Joyandet e Christian Blanc, dois ministros de segundo escalão nesta segunda-feira (5). Segundo a imprensa local, a medida foi necessária para tentar preservar Eric Woerth, ministro do Trabalho e tesoureiro do partido da situação, a UMP (União do Movimento Popular). Woerth, considerado peça estratégica para o governo, e sua mulher, Florence, são suspeitos de acobertar uma fraude fiscal envolvendo Liliane Bettancourt, herdeira da gigante de cosméticos L'Oreal e terceira maior fortuna da França.
Joyandet, secretário de Estado para a Cooperação, e Blanc, secretário para o Desenvolvimento da Grande Paris, são suspeitos de utilização abusiva de dinheiro público, e estão envolvidos numa série de polêmicas, que fragilizaram a imagem do presidente e de demais instituições políticas francesas. Os últimos escândalos fizeram com que a confiança da população nos políticos despencasse. Segundo recente pesquisa de opinião do instituto Viavoice, 64% dos franceses estimam que os "dirigentes políticos são os mais corrompidos".
A mudança de gabinete havia sido anunciada, antes, para outubro. Entretanto, sob pressão das críticas crescentes por gastos exorbitantes em tempos de crise, Joyandet e Blanc deixaram suas funções.
Joyandet chegou a pagar 116.500 euros (US$ 157 mil) em março pelo aluguel de um avião particular para assistir a uma conferência sobre o Haiti. Também é suspeito de ter conseguido uma permissão ilegal para realizar reformas de ampliação de sua casa, nas proximidades do balneário de Saint Tropez.
Christian Blanc é acusado de gastar 12 mil euros (ou US$ 14.700) do tesouro público em charutos cubanos. Salário duplicado para uma ex-ministra e parlamentar, moradias ocupadas por familiares ou gastos com hotéis fora do normal, foram algumas outras acusações relacionadas a ministros de Sarkozy.
No caso Bettancourt, a suspeita de evasão fiscal foi levantada através de escutas clandestinas feitas pelo mordomo da milionária. Nessas conversas registradas entre Bettencourt e seus assessores, falava-se de operações para sonegar impostos e dos vínculos entre a multimilionária e o casal Woerth. Florence foi executiva, até o mês passado, de um gabinete que gerenciava a fortuna da empresária, avaliada em 16 bilhões de euros.
Woerth, que foi ministro do Orçamento entre maio de 2007 até maio de 2010, e chegou a ser cotado para primeiro-ministro, é acusado de "conflito de interesses" entre suas diversas funções.
Woerth é um ministro importante de Sarkozy, pois está encarregado da reforma do sistema previdenciário, uma das mais polêmicas propostas do governo. No final de junho, dois milhões de pessoas manifestaram-se contra o projeto na França convocados pelos principais sindicatos.
A reforma que aumentará de 60 a 62 anos a idade mínima legal para a aposentaria, será apresentada ao conselho de ministros no dia 13 de julho e, em setembro, deve ser aprovada pelo Parlamento.
Segundo o presidente da UMP, Xavier Bertrand, Woerth é "vítima de um esquema político" dos socialistas para "prejudicar a reforma" previdenciária, a qual o governo está decidido a levar até o fim. O objetivo seria salvar um sistema cujo déficit foi triplicado pela crise financeira de 2008, atingindo 32 milhões de euros(US$ 39 milhões).
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