Uma pesquisa do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, concluiu que 68% das pessoas que param de fumar e retornam ao cigarro põe culpa na eficácia dos medicamentos, sem assumir a responsabilidade pelo próprio “deslize”. E entre eles, a maioria é jovem.
De acordo com a psiquiatra e coordenadora do Grupo de Apoio ao Tabagista do hospital, Célia Lídia da Costa, o estudo concluiu que a recaída está ligada a falta de consciência de que o próprio paciente precisa decidir se querer parar, sendo que remédios e uma possível orientação psicológica serviriam apenas de apoio. E no jovem falta assumir essa postura pela própria falta de experiência e de assumir responsabilidades.
Segundo a psiquiatra, essa determinação está mais presente em pessoas mais velhas, graças a experiência adquirida ao longo dos anos, que o fizeram ter noção sobre a dificuldade em parar de fumar.
- O que a gente observou é que a idade é um fator associado com a consciência. Pessoa mais velhas já tentaram [parar de fumar], tiveram recaídas e isso vai dando a consciência de que no fundo ela são responsáveis por conseguir ou não parar de fumar. Todo o outro aparato é apenas auxiliar.
O estudo foi realizado com 677 pacientes do Hospital A. C. Camargo que haviam conseguido parar com o vício, mas voltaram a fumar no primeiro ano após o tratamento.
Ainda segundo a psiquiatra, quando a pessoa não se responsabiliza pela recaída, fica mais difícil manter a abstinência. Nestes casos, elas colocam toda “a esperança” na medicação, o que geralmente não funciona.
- Os medicamentos são ferramentas psicológicas que ajudam, mas o fumante tem que ter consciência de que quer parar.
Tratamento
Passada essa fase, a psiquiatra afirma que é possível deixar o vício até por conta própria, desde que se tenha muita força de vontade e comece a fracionar o número de cigarros fumados por dia até conseguir parar.
Uma das dicas é perceber se é capaz de fazer isso, sem idas e vindas. Para quem não obteve sucesso em várias tentativas, deve procurar ajuda médica.
- Pode ser um clínico geral, um pneumologista, um psiquiatra, para receber as orientações específicas. O tratamento é individualizado, pois depende do grau do vício.
A pesquisa também questionou os pacientes sobre os fatores psicológicos que teriam colaborado para o retorno. Em respostas de múltipla escolha os pacientes alegaram estresse (53%), aborrecimento (13%), busca por prazer (10%), conflito interno (3%) e não sabe (21%).
Estes dados serão apresentados no Simpósio Latino Americano de Tratamento do Câncer de Cabeça e Pescoço e Câncer de Pulmão, promovido pelo Hospital A.C.Camargo. O evento acontece de 20 a 22 de maio no Hotel Grand Mercure Ibirapuera, em São Paulo, e reunirá especialistas da Universidade de Washington, no Estados Unidos, além de outras universidades internacionais e nacionais.
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