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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Mais um ataque homofóbico em São Paulo

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Mais uma agressão por intolerância foi registrada na madrugada de ontem na região da Avenida Paulista. Uma lésbica foi empurrada e levou socos no rosto por causa de um beijo. É o quarto ataque desde 14 de novembro.

A analista de comércio exterior L.D.B., de 25 anos, estava com dois amigos, à 1 hora, em uma lanchonete na altura do número 900 da Rua Augusta quando viu uma garota que já conhecia.

- Ela atravessou a rua para falar comigo e a gente se beijou - relata.

No mesmo instante, um grupo com cerca de oito pessoas estava descendo a rua.

- Eram duas meninas que podiam ser facilmente confundidas com homossexuais. O grupo todo parecia no mínimo gay friendly - conta L. - Mas as meninas começaram a dizer: 'Que nojo! Tenho nojo de lésbica!' - e se afastaram.'

A garota se foi e L. continuou na lanchonete. De acordo com ela, o grupo voltou, parou a cerca de meio quarteirão e as jovens começaram a falar alto, fazendo provocações.

- 'Não sei que tipo de gente é esse. Tem de morrer. Tem de criar vergonha na cara' - diziam, ainda segundo relato da vítima, que foi tirar satisfação. - Quando perguntei qual era o problema, uma delas me empurrou e a outra me segurou. Aí elas me deram socos. Estou com um ferimento na testa do lado direito, meu olho esquerdo está roxo e minha boca também está machucada - enumera L.

Até a noite de ontem, a vítima não havia registrado queixa.

- É necessário fazer boletim de ocorrência. Todas as pessoas que sofrem agressão devem procurar a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), que investiga os crimes de intolerância e está tentando identificar esses agressores - explica Adriana Galvão, presidente do Comitê sobre a Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da Ordem dos Advogados do Brasil - regional São Paulo.

- A Lei Estadual n.º 10948/01 prevê pena administrativa. No caso dos agressores da Paulista, a Defensoria Pública pediu multa de R$ 16 mil - afirma Adriana. - Ao registrar ocorrência, a vítima também pode tentar um pedido de indenização - diz.

Disque 100. De acordo com o coordenador-geral LGBT da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Igo Martini, agressão de mulheres contra mulheres é raro.

- Chama atenção. Valeria a pena ser analisado - diz.

Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura o Disque Direitos Humanos que, entre outras funções, atenderá homossexuais.

- Vai funcionar 24 horas para coletar dados e tirar dúvidas sobre serviços específicos - conta Martini.

O objetivo é traçar o perfil de vítimas e agressores, além d e mapear onde os casos acontecem.

- Além de reforçar as políticas nacionais LGBT, pretendemos usar os números para sensibilizar o Congresso na aprovação do projeto de lei que criminaliza agressões homofóbicas.

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