Está marcada para hoje (18) às 9h, no Fórum de Guarulhos, a primeira audiência de instrução do processo que busca punir os responsáveis pela morte da advogada Mércia Nakashima, cujo corpo foi encontrado no dia 11 de junho deste ano em uma represa em Nazaré Paulista, na Grande São Paulo.
A audiência deve durar dois ou mais dias e serão ouvidas testemunhas da defesa, de acusação, além dos dois réus, Mizael Bispo de Souza - policial militar reformado e ex-namorado de Mércia - e Evandro Bezerra da Silva, suposto comparsa que teria ajudado a planejar e a organizar a execução da advogada.
No total, serão 28 pessoas ouvidas pelo juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano. Na ocasião, após escutar os relatos das testemunhas e dos réus, o magistrado poderá decidir se os dois prováveis assassinos de Mércia deverão ir a júri popular. Se interpretar que precisa de mais prazo para avaliar o caso, o juiz pode se pronunciar posteriormente, em até 10 dias.
Samir Haddad Jr., advogado do policial reformado, já avisa que tentará adiar a audiência. Sua alegação é a de que o laudo pericial sobre a reconstituição do crime foi anexado fora do prazo previsto em lei.
- (O laudo) foi juntado ao processo somente hoje (sexta-feira, 15), quando as partes precisam, no mínimo, ter cinco dias para analisar esse tipo de documento - afirma ele, que planeja pedir o adiamento da sessão logo no início dos trabalhos desta segunda-feira. - Se o juiz não concordar, participaremos normalmente e tentaremos a anulação da audiência posteriormente.
Na análise de Rodrigo Merli, promotor do Ministério Público (MP) responsável pelo processo, as informações obtidas no estágio policial das investigações são contundentes e serão usadas para mostrar ao magistrado que Souza e Silva mataram a Mércia.
- Os rastreamentos do GPS do carro de Mizael, assim como dos celulares que ele usava, derrubam toda a defesa e mostram que ele é culpado pelo crime - disse.
Entre as testemunhas que o promotor espera levar ao fórum estão os irmãos da advogada, o pescador que encontro o corpo dela, assim como amigos da família, um investigador da polícia e até um funcionário do posto de gasolina em que Silva trabalhava.
- Estamos apenas cumprindo uma etapa processual. Para nós, está mais do que claro que eles tiveram participação no homicídio e merecem ir a júri - argumenta.
O caso
Mércia foi vista pela última vez no dia 23 de maio da casa dos avós em Guarulhos. Foi encontrada morta em 11 de junho na represa de Nazaré Paulista. Segundo a perícia, a advogada foi agredida, baleada, teve a mandíbula quebrada e morreu afogada dentro do próprio carro no mesmo dia em que sumiu.
Para o Ministério Público, Souza matou a ex-namorada movido por ciúmes, e o vigilante Evandro Bezerra Silva o ajudou na empreitada criminosa. O promotor alegou que as provas determinantes para o convencer da autoria do crime foram a quebra do sigilo telefônico e os depoimentos contraditórios de Souza. O ex-policial tinha um celular, registrado em nome de terceiros, em que conversou 16 vezes com o suposto comparsa no dia estimado do crime. Além disso, a polícia descobriu que, sempre que falava com o vigia, voltava a ligar para a ex-namorada.
Um laudo pericial reforça a suspeita sobre Souza ao apontar a presença de uma alga, que seria compatível com alga presente na represa, em seu sapato. Além da alga, foram encontrados na sola do sapato resíduos de chumbo compatíveis com a bala que feriu Mércia, uma mancha de sangue e um pedaço de osso. Souza nega as acusações.
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