Ao obter o tão sonhado diploma em medicina pela Universidade de Cardiff, no País de Gales, uma estudante britânica já contava com 30 anos de experiência no campo - só que como paciente.
Allison John, 32, pode ser a primeira mulher britânica a ter sido submetida a quatro transplantes de órgãos vitais: pulmão, coração, fígado e rim.
Durante uma das cirurgias, estava tão frágil que os médicos tiveram de realizar a operação aplicando anestesia peridural em vez de geral.
- Minha vida tem sido uma montanha-russa e foi necessário um longo período para chegar aqui, mas cheguei - disse a médica recém-formada.
Allison tinha apenas seis semanas quando foi diagnosticada com fibrose cística, uma doença que ataca principalmente os pulmões e dificulta a absorção de gorduras e outros nutrientes dos alimentos.
Sua condição foi piorando e, ainda na adolescência, precisou fazer seu primeiro transplante. Foram necessários 16 meses de espera na fila para receber um fígado.
Na mesa de cirurgia, os médicos respiraram aliviados ao descobrir que a adolescente só teria três dias de vida sem o transplante e que salvaram sua vida. A operação foi em 1995.
Dois anos depois, quando já havia começado seus estudos universitários, Allison passou a sofrer de deficiências no pulmão. Novamente, se viu na mesa de operações. Durante o transplante do órgão respiratório, seu coração também foi trocado e doado a outro paciente.
A estudante viveu um período saudável em que concluiu o curso de neurosciência e iniciou a faculdade de medicina. Entretanto, no meio do curso, recebeu outra notícia bombástica: a de que uma rejeição de seu corpo aos órgãos transplantados estava causando problemas nos rins.
Em dezembro de 2006, a jovem recebeu um rim do próprio pai, que revelou-se um doador compatível.
'Sorte'
Apesar das idas e vindas em seu estado de saúde e além dos dois diplomas que obteve, Allison também encontrou tempo para fazer trabalhos voluntários para a fundação para o fígado do País de Gales, incentivando a doação de órgãos.
Ela diz que "não estaria viva" se não fosse pela generosidade dos doadores.
- Muita gente diz que eu tive muito azar na vida. Não acho. O número de órgãos doados é muito pequeno e eu me incluo entre os sortudos.
A doutora John contou que os problemas de saúde não apenas não a impediram de realizar conquistas na vida, como a inspiraram a buscar o diploma de medicina.
- Eu acredito fortemente que se você não puder desenvolver empatia com o paciente, então não será um bom médico - afirmou. - Mas depois de tudo o que vivi, acho que posso usar essas experiências que tive com médicos bons e ruins para ajudar os outros.
A britânica se diz animada com sua nova fase da vida.
- Não sei quanto tempo meus órgãos transplantados permanecerão saudáveis. Mas eu me recuso a me preocupar com o futuro. O que é que importa, quando o presente é tão bom?
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