Após três horas de depoimento na sede da Superintendência da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio, o ex-chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, foi indiciado pela Polícia Federal por violação de sigilo funcional, com base no artigo 325, parágrafo 2º do Cógido Penal. Turnowski é acusado de ter ligado para um dos 30 policiais civis que estavam sendo investigados pela Polícia Federal, informando-o sobre a Operação Guilhotina.
Na saída da sede da PF, Allan Turnowski reafirmou aos repórteres que nada foi provado contra ele e que ele não havia sido avisado da operação e, por isso, não teria como repassar a informação.
Em nota enviada à imprensa na noite desta quinta-feira, a Secretaria de Segurança informou que o secretário José Mariano Beltrame ligou para o então chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, logo que foi informado pela Polícia Federal que policiais civis estavam extorquindo um traficante durante a operação no Complexo do Alemão. De acordo com a Secretaria, Beltrame pediu providências ao chefe, no entanto, em nenhum momento, mencionou a Operação Guilhotina.
- Eu estou sendo indiciado antes dele (o secretário Beltrame) ser ouvido e tenho certeza que esse juizo de valor não passa pelo primeiro crivo do Ministério Público ou da Justiça - disse Turnowski, logo após deixar a sede da PF.
Na quarta-feira, ao negar que tenha vazado informações para policiais civis investigados, no termo de declaração que prestou à Polícia Federal (PF), Turnowski afirmou que ligou para o inspetor Christiano Gaspar Fernandes por questões operacionais.
- Como vou vazar o que não sei? Em uma virada, você passa de testemunha a principal alvo do vazamento de uma operação - disse Turnowski na ocasião.
O delegado disse que falou com o inspetor após ser avisado por um policial federal de que uma escuta havia flagrado que Christiano acabara de fazer uma prisão.
- Perguntei: ‘Vocês estão com preso? Leva logo para a delegacia porque tá no grampo da federal que vocês prenderam. Pensei que o grampo estava no bandido - explicou.
A saída
A saída do delegado Allan Turnowski foi definida em reunião com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Segundo nota emitida pela secretaria, os dois concluíram que a saída de Turnowski era a mais adequada para "preservar o bom funcionamento das instituições".
Beltrame disse ainda que "eventuais mudanças na equipe não vão prejudicar o compromisso assumido com a sociedade que é o de fazer do Rio um lugar cada vez mais seguro".
Em nota divulgada nesta terça, Trunowski agradeceu a confiança depositada pelo Secretário Beltrame e por Sérgio Cabral. No texto, o delegado disse ainda que teve uma "conversa franca" com Beltrame antes de tomar a decisão. Por fim, Turnowski considera que sucessor poderá levar a Polícia "a outro patamar".
Entenda a guerra na polícia
Um dia após determinar devassa na Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos e Especiais (Draco-IE), o então chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, apresentou na segunda-feira documentos que, segundo ele, apontam para indícios de irregularidades cometidas pelo delegado Cláudio Ferraz e policiais de sua equipe. Durante a inspeção na especializada, agentes da Corregedoria Interna da Polícia Civil localizaram dois registros com a mesma numeração. Também foram recolhidas seis armas que estariam sem autos de apreensão.
Turnowski também apresentou carta anônima, que teria sido deixada na portaria de seu prédio no fim de semana, com acusações de corrupção envolvendo a Draco. As denúncias acirraram o clima de guerra na Polícia Civil, iniciada sexta-feira após a Operação Guilhotina. Entre os presos está o delegado Carlos Oliveira, ex-subchefe operacional da instituição e braço direito de Turnowski, suspeito de negociar armas apreendidas com traficantes e de ligação com milícias.
A devassa na Draco começou nesta segunda-feira às 8h. Denúncias feitas por Turnowski sugeriram que agentes da Draco estariam envolvidos em esquema de fraudes e extorsão contra empresários e prefeituras de Rio das Ostras, Magé e São Gonçalo para não levar inquéritos adiante. Um desses procedimentos refere-se a uma investigação de possível fraude em licitação na prefeitura de Rio das Ostras.
Turnowski nega ação de represália
O então chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, negou que a devassa na Draco seja uma represália contra Ferraz, que admitiu ter colaborado nas investigações da Operação Guilhotina.
- Dei contribuições à Polícia Federal, sim. A Secretaria de Segurança sabia. Tinha o total conhecimento desse fato. Mas não tenho o que falar. Isso é uma questão do chefe de Polícia. Ele deve ter lá os seus motivos para agir dessa forma - disse Ferraz.
Turnowski rebateu:
- Se fosse represália, teria que ser com a Polícia Federal, que foi quem prendeu os policiais. Essa é a apenas a primeira das delegacias que serão vasculhadas. Eu farei a limpeza.
Em seguida, afirmou que exoneraria Ferraz se ele ainda fosse subordinado à Polícia Civil. Semana passada, a Draco passou para a esfera da Secretaria de Segurança, e o delegado foi escolhido para coordenar a área de Contra-Inteligência.
Corregedor da Polícia Civil, Gilson Emiliano disse que tem 30 dias para concluir as investigações. De manhã, especulou-se que R$ 50 mil haviam sido apreendidos na gaveta de um agente da Draco, o que foi desmentido pelo corregedor.
- Se estivesse na minha gaveta, ficaria muito feliz - ironizou Ferraz.
Prefeitura de Rio das Ostras negou envolvimento em propina. Já as de Magé e São Gonçalo só vão se pronunciar após notificadas oficialmente. Em novembro, dossiê com denúncias de extorsões praticadas pela Draco chegou a ser entregue pelo próprio Turnowski ao secretário de Segurança.
1 comentários:
A Operação Guilhotina foi esvaziada depois que o delegado Allan Turnowski invadiu a Draco e colheu provas do envolvimento do governador do estado Sergio Cabral com corrupção em prefeituras do interior, a operação não vai ter desdobramentos porque a sujeira vai respingar na porta do Palácio Guanabara.
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