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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Documentário sobre Senna é conduzido pela rivalidade com Proust

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Para organizar a coletânea de imagens raras sobre a vida e a carreira de Ayrton no documentário “Senna”, os produtores britânicos usaram como fio condutor a rivalidade do brasileiro com Alain Prost. O filme estreia nos cinemas no dia 12 de novembro, com 120 cópias espalhadas pelo Brasil, e foi apresentado à imprensa nesta quinta-feira.

O francês tetracampeão aparece como “vilão” de Ayrton durante os dois anos em que eles foram companheiros de equipe na McLaren, e até depois dessa convivência. Prost é apresentado como um piloto que buscava o título a qualquer custo, enquanto Senna priorizava as vitórias na pista.

A guerra de bastidores entre os dois é constantemente explorada. A amizade de Prost com o compatriota
Jean-Marie Ballestre, então presidente da FIA, é usada para explicar o episódio em que o piloto francês bateu em Senna no GP do Japão de 1989. O brasileiro voltou à prova, mas foi punido, e o título ficou com o rival.

A conturbada relação com Ballestre é mostrada pelo filme através de imagens raras de reuniões dos comissários com os pilotos antes das provas. Ayrton era um dos poucos que contestavam o dirigente francês. Em uma das cenas, depois que Nelson Piquet usa até palavrão para protestar contra a direção de prova, Senna chega a se retirar da sala.

Por isso, para Viviane Senna, Prost não chega a ser o vilão do filme.

- O inimigo era essa situação política da Fórmula 1, que ele enfrentava durante todo o tempo - declarou a irmã do piloto, que também participa do filme e colaborou com o projeto.

A narrativa é conduzida pelo próprio Ayrton, através das suas entrevistas para a televisão brasileira e estrangeira. O próprio Prost se pronuncia, tanto em imagens de arquivo quanto no áudio que gravou especialmente para o documentário. Ron Dennis e Frank Williams também foram ouvidos, mas nenhum eles aparece no filme.

Os maiores desentendimentos entre Senna e Prost aparecem em apimentadas declarações dos dois à época, em meio à opinião de jornalistas e de Ron Dennis, que acompanhou de perto essa rivalidade enquanto esteve no comando da McLaren.

Momentos históricos de Ayrton, como o primeiro título, a primeira vitória no Brasil e a sua morte, são documentados com imagens históricas que apelam à emoção. Além dos arquivos de TV, vídeos da FIA e do acervo pessoal dão um ar de exclusividade ao material apresentado.

E esse foi o objetivo do diretor Asif Kapadia.

- Quisemos mostrar imagens que as pessoas nunca tinham visto. Para isso, contamos com tempo, porque uma produção para a TV não teria tanta disponibilidade para achar todo esse material - comentou o cineasta, que completou o trabalho após mais de cinco anos de produção.

Filmagens de família foram cortesia de Leonardo Senna, irmão do piloto, enquanto as imagens dos bastidores de corrida foram cedidas por Bernie Ecclestone, detentor dos direitos comerciais da Fórmula 1. Mas boa parte do material é da Rede Globo, e até o comentarista Reginaldo Leme é um dos entrevistados.

Dessa coletânea de imagens da TV, chama a atenção um trecho em que Ayrton Senna participa do programa da Xuxa. Nem o piloto nem a apresentadora fazem questão de disfarçar, no meio da criançada, a relação amorosa que tinham. Adriane Galisteu, última namorada do piloto, aparece apenas em uma rápida citação.

Mas o lado pessoal é apenas um adorno à história de sua carreira, focada em sua paixão pelo esporte em oposição à politicagem. E a rivalidade com Prost não chega a ser negativa, já que suscita saudades de uma disputa tão intensa entre dois campeões.

O próprio Senna chegou a declarar que sentiu falta de Prost depois que o rival se aposentou, e essa fala foi omitida pelo filme. Pelo menos, o francês vira mocinho nos créditos, com seu nome citado entre um dos colaboradores do Instituto Ayrton Senna.

Ficha Técnica:
Nome: Senna
Direção: Asif Kapadia
Roteiro: Manish Pandey
Gênero: Documentário
Canções originais: Antonio Pinto
Estreia nos cinemas: 12 de novembro

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