A ONG cristã International Assistance Mission (IAM) afirmou neste sábado que os membros estrangeiros de sua equipe médica assassinados no norte do Afeganistão seriam seis americanos, uma britânica e uma alemã.
O diretor da ONG, Dirk Frans, ressaltou que não será possível identificar oficialmente as vítimas até a realização de uma necropsia completa.
Dez membros de uma das equipes médicas da ONG, incluindo dois afegãos, foram assassinados a tiros por militantes quando voltavam de uma missão de tratamento oftalmológico e de saúde em vilas remotas do norte do Afeganistão.
Frans afirmou em comunicado que a equipe esteve no Nuristão, Província ao sul de Badakhshan, a convite das comunidades locais, para uma missão de duas semanas. Eles dirigiram até a Província, deixaram o veículo na estrada e andaram por horas pelas montanhas até chegar ao vale Parun.
A equipe, formada de médicos, enfermeiras e pessoal de logística foi atacada no caminho de volta a Cabul. Eles decidiram viajar por Badakhshan por achar mais seguro, disse Frans.
Entre os mortos está o líder da equipe Tom Little, optometrista de Delmar, New York, que trabalha no Afeganistão há mais de 30 anos. Little foi expulso pelo governo taleban em agosto de 2001 por supostamente tentar converter afegãos ao cristianismo. Ele voltou ao país depois da queda do regime taleban, em novembro do mesmo ano.
Frans disse ter perdido contato com Little na quarta-feira. Na sexta-feira, um terceiro membro afegão da equipe, que sobreviveu ao ataque, ligou para reportar as mortes. Há ainda um quarto afegão que sobreviveu porque escolheu uma rota diferente por morar em Jalalabad.
Segundo Frans, dois membros trabalhavam para a IAM, dois eram ex-membros e quatro eram afiliados com outras organizações. Ele disse ainda que cinco dos americanos eram homens e uma era mulher.
Outra ONG, Bridge Afghanistan, disse em seu site que o grupo inclui um de seus membros, médica Karen Woo, de Londres.
A polícia encontrou os corpos na noite desta sexta-feira, no distrito remoto de Kuran Wa Munjan, na Província de Badakhshan. Junto aos corpos, as autoridades encontraram três veículos crivados de tiros.
O general Agha Noor Kemtuz, chefe de polícia em Badakhshan, disse que as vítimas foram alertadas pelos moradores de que a área era perigosa, mas disseram que eram médicos e não temiam. Ele afirmou ainda que os relatos iniciais são de que um grupo de dez homens armados os roubaram e mataram.
Os dois afegãos, afirmou, eram intérpretes das Províncias de Bamiyan e Panjshir. O terceiro afegão, que sobreviveu ao ataque, disse que passou todo o tempo recitando o Corão, o livro sagrado do islamismo, e afirmando:
- Sou muçulmano, não me matem.
O movimento islâmico radical Taleban reivindicou o ataque em seu site e disse ter matado nove estrangeiros e um tradutor afegão que não pararam seus veículos quando os talebans pediram.
- Os nove tinham documentos de inteligência que mostram que eram espiões - assegurou o movimento taleban, que os acusou ainda de pregar o cristianismo na região.
A ONG, que disse conceder ajuda humanitária no Afeganistão desde 1966, lamentou ainda a tragédia "que tem um impacto negativo em nossa capacidade para seguir servindo ao povo afegão".
A embaixada americana em Cabul divulgou um comunicado de imprensa na qual disse ter motivos para crer que vários cidadãos americanos estão entre os falecidos.
- Não podemos confirmar detalhes neste momento, mas estamos trabalhando ativamente com as autoridades locais para saber mais sobre as identidades e as nacionalidades destes indivíduos - informou a diplomacia americana, sem dar mais detalhes.
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