Miguel Chevalier criou um jardim que cresce e é polinizado conforme interação com o público
O vaivém desenfreado de uma multidão é a imagem padrão das estações do metrô da capital paulista. Entretanto, uma exposição promovida pelo Itaú Cultural, em parceria com a Companhia do Metropolitano de São Paulo, pretende despertar, a partir de sábado (17/4), a curiosidade dos usuários que passam por Brás, República, Tiradentes, Itaquera, Paraíso e Sé, fazendo com que eles interajam com a arte a caminho do trabalho ou na volta para casa. Os trabalhos fazem parte do acervo tecnológico da instituição sediada na Avenida Paulista e foram elaborados por artistas brasileiros e estrangeiros.
Na estação do Brás, é possível sentir a vertigem do movimento de descida de uma escada virtual por meio do projeto Descendo a Escada (2002), de Regina Silveira com a colaboração do Itaulab. A sensação nasce da projeção da imagem de degraus na angulação formada pelo chão e duas telas verticais. Para os que querem evitar enjoos, a dica é ir até a estação República onde fica hospedada a OP_ERA: Sonic Dimension (2005), idealizada por Daniela Kutchat e Rejane Cantoni. Trata-se de um instrumento musical virtual em formato de um cubo preto aberto, o qual é preenchido por centenas de linhas luminosas. De acordo com a posição do observador e da interação que ele tem dentro da caixa, é possível modificar a vibração das frequências de luz e som produzida pela tensão específica em cada corda.
Na Tiradentes, a Reflexão #3 (2005) é parte de uma série de criações da artista multimídia Raquel Kogan, na qual se aciona um teclado que regula a rapidez dos movimentos de uma cachoeira formada por algarismos. A imagem é projetada em uma área escura e refletida por um espelho d’água no chão. Assim, os números se movem de uma superfície a outra, sem repetição das seqüencias. Já na estação Itaquera, Camille Utterback, americana e uma das pioneiras das instalações interativas, e Romy Achituv, israelense radicado nos EUA, apresentam a obra Text Rain (1999) que faz uma chuva de letras coloridas se alinhar aos movimentos corporais dos espectadores por meio da projeção. Assim, a pessoa pode acumular letras – com seu braço estendido, por exemplo – e formar palavras e até mesmo frases.
A natureza é o mote das obras de uma dupla francesa e de um mexicano radicado na França. Edmond Couchot e Michel Brent levam ao Paraíso Les Pissenlits (2006), um jardim de dentes-de-leão – aquela flor branca que toda criança, e até mesmo adultos, adoram soprar. A trajetória das sementes é determinada pela força e pelo tempo que o espectador expele o ar em direção à planta. Já Miguel Chevalier expõe Ultra-Nature (2008), que já esteve na estação Paraíso durante a Bienal Internacional de Arte e Tecnologia Emoção Art.Ficial 4.0, na sempre movimentada Sé. Neste jardim haverá seis espécies de flores digitais coloridas com características genéticas distintas, as quais serão polinizadas e terão seu crescimento influenciado por meio de sensores voltados à interação do público. Seja qual for a instalação visitada, os usuários do metrô poderão ter uma experiência diferente, interagindo com projetos pouco usuais e tendo a chance de escapar, nem que seja por alguns instantes, da correria diária.
A projeção de uma escada no ângulo formado pelo chão e duas telas causa sensação de vertigem ao espectador da obra de Regina Silveira
ACERVO DE ARTE CIBERNÉTICA DO ITAÚ CULTURAL NO METRÔ DE SÃO PAULO.
Estações de metrô Brás, Itaquera, Paraíso, República, Sé e Tiradentes.
Todos os dias, das 9h às 20h. Até 23/5. Grátis
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