O casal Viviane e Lindenberg Luchi, de Osasco, na Grande São Paulo, aguardam a hora do nascimento do primeiro filho, Anthony. Era para ser uma gravidez sem sustos, com médicos, hospital, tudo definido com antecedência. Entretanto, o planejamento desabou quando eles descobriram, no fim da gravidez, que o plano de saúde faliu e foi comprado por outra empresa.
Em uma das últimas consultas, a ginecologista orientou o casal a procurar o setor administrativo.
- A médica falou para procurar o administrativo porque o Serma tinha sido comprado pela Greenline. E a clínica não é associada - conta Lindenberg.
O plano de saúde da família, o Serma, foi comprado no começo de maio pela Greenline, que comprou também a Samcil. O problema é que a nova empresa tem uma rede de hospitais e clínicas diferentes. Viviane, grávida de 38 semanas, teria que ter o bebê com uma médica desconhecida.
A Agência Nacional de Saúde (ANS), que regula o setor, informou na época que a empresa manteria todas as condições que os clientes tinham em suas operadoras de origem. O parto de Anthony já estava agendado na maternidade, com a obstetra de confiança. O casal pagava R$ 300 por mês e procurou a Greenline para confirmar a cirurgia e veio a pior notícia.
- Eles disseram que só atenderiam na rede própria deles. E não poderia ser com a médica planejada. Não teria data, teria que entrar em trabalho de parto, chegar na maternidade e o plantonista atender - conta o pai.
Para não correr o risco de ter um filho com um médico desconhecido, o casal conseguiu R$ 9 mil emprestados para pagar o parto.
- Graças a Deus nós conseguimos com amigos e familiares ter o plano B.
Procon
No ranking da Fundação Procon-SP, os planos de saúde sempre aparecem entre os setores que mais geram reclamações. No ano passado, em São Paulo, foram mais de 37 mil queixas, um crescimento de 5%, o maior registrado pelo órgão de defesa do consumidor.
As principais reclamações dos clientes são: demora no agendamento; recusa para marcação de consultas e cirurgias; médicos, clínicas, hospitais ou laboratórios muito distantes de casa; descredenciamento de médicos e instituições de saúde sem que o paciente seja informado antes.
Mesma cobertura
A Greenline disse que Viviane terá toda a cobertura no hospital onde já estava agendada a cirurgia e informou que o hospital e a médica dela passam a atender pelo convênio a partir desta terça-feira (17).
A empresa disse ainda que até semana que vem todos os clientes irão receber uma carteirinha e um livro com a relação de médicos e hospitais credenciados. O diretor administrativo da empresa, Clóvis Miranda, falou também sobre os problemas do atendimento telefônico.
- É uma demanda muito grande de ligações porque os antigos convênios tinham parado sua central de atendimento há alguns dias. Corremos para ajudar a adequação do nosso callcenter e acreditamos que até sexta-feira desta semana já teremos regularizado - diz o diretor.
A ANS já registrou 700 reclamações contra a Greenline.
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