Quatro robôs submarinos da companhia de petróleo britânica BP tentavam nesta segunda-feira (26) conter o vazamento de combustível de uma plataforma petrolífera afundada no Golfo do México, que provocou uma maré negra de 1.550 quilômetros quadrados.
A plataforma "Deepwater Horizon" afundou na quinta-feira passada, dois dias após uma explosão que deixou 11 trabalhadores desaparecidos. Imagens de satélites mostraram que a mancha se estendeu no domingo quase 50%, passando de 1.035 km2 a 1.550 km2. Apesar da extensão, os técnicos da empresa afirmaram que 97% da mancha não passa de uma fina camada na superfície do mar.
A BP, que administra a plataforma, inicialmente havia informado não ter detectado vazamentos de petróleo, mas um robô submarino detectou no sábado dois buracos no conector que liga o poço à plataforma.
O porta-voz da BP, Ron Rybarczyk, afirmou que o vazamento, a 1.500 metros de profundidade, está liberando 1.000 barris de petróleo por dia no oceano.
- É um vazamento muito grave - advertiu o suboficial Erik Swanson, porta-voz da Guarda Costeira americana.
Um avião da Guarda Costeira localizou a maré negra a 64 km da costa da Louisiana, localidade com grande variedade de aves aquáticas e com uma rica vida selvagem.
A BP despachou uma frota de lanchas para tirar o petróleo da plataforma, mas as operações mais importantes são realizadas por quatro veículos submarinos que operam uma milha abaixo da superfície, onde a conexão do poço com a plataforma está lançando ao mar mais de 150.000 litros de petróleo por dia.
- As operações estão em andamento. Sei que se trabalhou a noite toda, mas não sei quanto se progrediu - indicou Bill Salvin, porta-voz do centro de informação conjunta implementado para enfrentar o vazamento.
Os especialistas acham que a utilização de veículos robóticos para ativar o sistema que previne os vazamentos - uma máquina gigante de 450 toneladas e 15 metros de altura, localizada perto do poço - levará muito tempo.
- Não foi feito antes, mas contamos com os melhores especialistas mundiais trabalhando no caso - indicou Doug Suttles, executivo da BP.
Conscientes de que a operação em curso pode fracassar, a BP também se prepara para utilizar um produto selador especial na plataforma, o que poderá fechar o fluxo do petróleo, mas é uma medida que demandaria mais tempo.
Cinco aviões e 32 embarcações de resposta rápida - lanchas, rebocadores, barcas e barcos de resgate - tentaram selar a superfície para cortar o vazamento, mas as condições do mar e do vento impediram a operação.
Por ora, o vazamento não ameaça o litoral da Louisiana, a mais de 60 km, onde poderá gerar um desastre ecológico incalculável no frágil ecossistema dos pantanais, paraíso para espécies aquáticas e outras formas de vida selvagem.
- Em nossa projeção, não vemos impacto algum na faixa costeira nos próximos três dias - indicou Charlie Henry, cientista e coordenador de apoio da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).
Os ambientalistas soaram o alarme sobre a ameaça para Louisiana e os especialistas afirmam que o vazamento tem o poder potencial de ser algo pior que o desastre ecológico causado pelo petroleiro Exxon Valdez em 1989.
Este vazamento, considerado um dos piores desastres já causados pelo homem, derramou quase 41 milhões de litros de petróleo no litoral do Alasca, devastando mais de 1.200 km de litoral.
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